Amigos,
Estamos em uma viagem ou vagando num deserto?
Estávamos no meio de uma aula de Música quando um aluno
questiona: Professor o senhor já tocou nessas banda da bagacêra? (sic) Questionei o interlocutor se o mesmo se
referia aos grupos musicais que se ocupam da execução de repertório voltado
para as massas. Nos quais se prima pelos temas rotineiros e outros mais que são
do conhecimento geral [Preferimos não incluí-los aqui para não denegrir o
pequeno espaço nem para submeter o leitor a mais este desconforto]. Procurei
dissuadir meu interlocutor do rumo que lhe agradava a conversa e voltamos para
as questões que nos chamavam àquela comunidade. Conheci a escola onde o menino
estudava, Percorri corredores, observei a movimentação, assisti a um trecho de
aula de percussão baiana onde o instrutor era russano, discípulo de professor
russano e constatei que a escola era escola da bagaceira, onde impera o
desrespeito pelo cidadão, pelo contribuinte, pelas pessoas.
Passei a observar a comunidade rural onde o menino mora. Não
há pavimentação, nem praça, nenhuma preocupação com a vida religiosa. Não há
assistência médica ou programa de valorização do agricultor. Há um morador que
produz tijolo batido e os queima no centro da
comunidade, não se importando com
os malefícios imposto aos vizinhos e aos seus. A comunidade vive a bagaceira. E
isto se repete em todas as outras comunidades e sede do município de Russas no
Ceará.
Hoje, aos sete de setembro de dois mil e onze, presenciamos
o desfile em honra a... não sei o que[talvez a bagaceira!]. Fiquei pensando é
uma bagaceira. Como eu gostaria de discutir com pessoas inteligentes e
questionar, em que Política Pública se insere este evento? Se não fosse
dramático seria cômico.
O tema preponderante escolhido pelas instituições de ensino foi
Meio-ambiente. Em meio a um bombardeio de exortações duas escolas se arriscaram
colocar as chaminés no balde do lixo. Todas as escolas estavam preocupadas com
a Mata Atlântica, a Amazônia e as geleiras. Ninguém estava preocupado com o
assoreamento das lagoas e do riacho Arahybú. Ora, se nossa sociedade hipócrita
não consegue vê o riacho aos nossos pés... prefiro não comentar sobre o Rio
Jaguaribe. Será que alguém ainda se lembra de que nosso riacho depende de sua
mata ciliar? Será que alguém sabe sobre a devastação causada pela atividade da
cerâmica. Sabia que nosso prefeito é ceramista? Sabia que o manancial da Serra
do Vieira está contaminado com o transmissor da Hepatite? Alguém sabe existe um
grupo de seres humanos , russanos, cidadãos que pagam impostos, que vivem ao
lado do lixão, cheirando lixo, comendo lixo, lixo símbolo de nosso desrespeito
para com o meio-ambiente, símbolo de nosso consumismo e fonte de doenças para a
cidade? É uma bagaceira.
Por que não há manifestação das escolas com relação aos
problemas das drogas que destroem nossa cidade? Ou com o problema causado na
quadra chuvosa pela falta de drenagem das águas pluviais? Será que a
contribuição para o sistema previdenciário referente aos servidores contratados
está realmente sendo recolhida? Por que as obras públicas são entregues fora
dos prazos e em estado tão precário de realização? Todos sabemos que o dono da
pousada imperial é o Picaca. Mas a quem esta está arrendada? Ao prefeito? E
onde se hospeda aos prestadores de serviço que necessitam de pousada? Todos
sabem que o Dr. José Torquato é funcionário público mas em que setor ele
trabalha?
É uma bagaceira. Será que vai continuar? Toda viagem tem
destino, tem um lugar onde quero chegar. Tem roteiro. Em política roteiro é o
que se chama Política Pública. A bagaceira é vagar no deserto sem eira nem
beira como bosta n’água. Como estamos em Russas.
Nilo Pinheiro
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