segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Estamos em uma viagem ou vagando num deserto?

Um texto do amigo colaborador da OFICARTE, Nilo Pinheiro, que nos faz refletir muito além da cultura, e sim sobre que tipo de humanos somos nós.




Amigos,
Estamos em uma viagem ou vagando num deserto?

Estávamos no meio de uma aula de Música quando um aluno questiona: Professor o senhor já tocou nessas banda da bagacêra? (sic)  Questionei o interlocutor se o mesmo se referia aos grupos musicais que se ocupam da execução de repertório voltado para as massas. Nos quais se prima pelos temas rotineiros e outros mais que são do conhecimento geral [Preferimos não incluí-los aqui para não denegrir o pequeno espaço nem para submeter o leitor a mais este desconforto]. Procurei dissuadir meu interlocutor do rumo que lhe agradava a conversa e voltamos para as questões que nos chamavam àquela comunidade. Conheci a escola onde o menino estudava, Percorri corredores, observei a movimentação, assisti a um trecho de aula de percussão baiana onde o instrutor era russano, discípulo de professor russano e constatei que a escola era escola da bagaceira, onde impera o desrespeito pelo cidadão, pelo contribuinte, pelas pessoas.
Passei a observar a comunidade rural onde o menino mora. Não há pavimentação, nem praça, nenhuma preocupação com a vida religiosa. Não há assistência médica ou programa de valorização do agricultor. Há um morador que produz tijolo batido e os queima no centro da  comunidade,  não se importando com os malefícios imposto aos vizinhos e aos seus. A comunidade vive a bagaceira. E isto se repete em todas as outras comunidades e sede do município de Russas no Ceará.
Hoje, aos sete de setembro de dois mil e onze, presenciamos o desfile em honra a... não sei o que[talvez a bagaceira!]. Fiquei pensando é uma bagaceira. Como eu gostaria de discutir com pessoas inteligentes e questionar, em que Política Pública se insere este evento? Se não fosse dramático seria cômico.
O tema preponderante escolhido pelas instituições de ensino foi Meio-ambiente. Em meio a um bombardeio de exortações duas escolas se arriscaram colocar as chaminés no balde do lixo. Todas as escolas estavam preocupadas com a Mata Atlântica, a Amazônia e as geleiras. Ninguém estava preocupado com o assoreamento das lagoas e do riacho Arahybú. Ora, se nossa sociedade hipócrita não consegue vê o riacho aos nossos pés... prefiro não comentar sobre o Rio Jaguaribe. Será que alguém ainda se lembra de que nosso riacho depende de sua mata ciliar? Será que alguém sabe sobre a devastação causada pela atividade da cerâmica. Sabia que nosso prefeito é ceramista? Sabia que o manancial da Serra do Vieira está contaminado com o transmissor da Hepatite? Alguém sabe existe um grupo de seres humanos , russanos, cidadãos que pagam impostos, que vivem ao lado do lixão, cheirando lixo, comendo lixo, lixo símbolo de nosso desrespeito para com o meio-ambiente, símbolo de nosso consumismo e fonte de doenças para a cidade? É uma bagaceira.
Por que não há manifestação das escolas com relação aos problemas das drogas que destroem nossa cidade? Ou com o problema causado na quadra chuvosa pela falta de drenagem das águas pluviais? Será que a contribuição para o sistema previdenciário referente aos servidores contratados está realmente sendo recolhida? Por que as obras públicas são entregues fora dos prazos e em estado tão precário de realização? Todos sabemos que o dono da pousada imperial é o Picaca. Mas a quem esta está arrendada? Ao prefeito? E onde se hospeda aos prestadores de serviço que necessitam de pousada? Todos sabem que o Dr. José Torquato é funcionário público mas em que setor ele trabalha?
É uma bagaceira. Será que vai continuar? Toda viagem tem destino, tem um lugar onde quero chegar. Tem roteiro. Em política roteiro é o que se chama Política Pública. A bagaceira é vagar no deserto sem eira nem beira como bosta n’água. Como estamos em Russas.

Nilo Pinheiro

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